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Liderança – um pouco de coaching é melhor que nada?

Baseado em: "An Exploration of the coach approach to managing and leading a white papper for managers, leaders and professional coaches" de Joel A. DiGirolamo e J. Thomas Tkach, ACC International Coaching Federation (ICF), disponível em: https://coachfederation.org/app/uploads/2020/04/CoachApproachWhitePaper_April2020.pdf


Muitas organizações adoptam coaching como forma de investimento no seu capital humano, nomeadamente através dos seus gestores que usam alguns princípios de coaching nas suas práticas de gestão e liderança, com o objectivo de melhorarem a performance das suas equipas. No entanto, faz sentido perguntar se essa relação de gestor-empregado baseada em coaching faz sentido, e se de alguma forma pode substituir o trabalho de coaches profissionais. É importante diferenciar coaches profissionais e líderes que usam técnicas de coaching na sua gestão, nomeadamente numa série de factores que se podem ver na tabela 1.


Tabela 1 – Diferenças entre coaches profissionais e líderes que usam coaching

No estudo efetuado, verificou-se que, por vezes, pode haver algum tipo de incompatibilidade nesta prática porque coaching é uma atividade essencialmente participativa, e a liderança, gestão e mentoring são essencialmente diretivas. Além das actividades per si serem diferentes (ver anexo 1), há gestores e líderes que têm, eles próprios, estilos mais diretivos, e esses são os que têm mais dificuldade em utilizar técnicas de coaching.


Outras situações complicadas surgem quando os líderes precisam de ter respostas rápidas e tomar decisões urgentes, porque sendo o coaching mais sobre a criação de uma parceria, a dimensão temporal pode não ser a mais apropriada. Outras situações difíceis ocorrem na gestão de conflitos, em que os líderes podem sentir a necessidade de dizer exatamente o que os membros da equipa devem fazer (ser directivos).

É possível os líderes terem abordagens de gestão e de liderança mais “brandas” e o mentoring é disso um exemplo. Quando as situações proporcionam ou os líderes se sentem mais à vontade para envolver toda a equipa na tomada de decisões (participativo), então faz todo o sentido usarem técnicas de coaching.


As principais razões que gestores e líderes apontam para usarem técnicas de coaching são a melhoria do desempenho e o crescimento profissional dos membros das suas equipas, no entanto, e embora haja resultados mistos no estudo desenvolvido, os skills de coaching são melhores para melhorar a satisfação no trabalho e desenvolvimento pessoal do que propriamente para melhorar o desempenho.


No estudo desenvolvido houve muitas situações em que a utilização de coaching pelos líderes foi reportada como positiva pelos seus empregados por terem sentido suporte, respeito, confiança, e terem sido tratados como iguais. Nessas situações sentiram-se “empoderados”. Também reportado como positivo era quando os líderes lhes davam responsabilidades, lhes permitiam correr riscos e lhes davam autonomia para tomarem decisões confiando na sua capacidade de análise e lhes permitiam processos de crescimento aprendendo com os seus próprios erros. O incentivo à autoconsciência e autorreflexão e o desafio para alcançarem o seu potencial máximo, foi também referido como relevante, além de apreciarem muito os feedbacks construtivos, o desenvolvimento de ferramentas de análise e pensamento crítico e oportunidades de formação contínua. Ou seja, os temas de empowerment, envolvimento e crescimento pessoal e dentro das equipas são os elementos mais fortes nestas experiências.


Como conclusão final poderá dizer-se que de forma geral a utilização de técnicas de coaching impactou positivamente a relação líder-empregado e as próprias empresas. De referir que o estudo identificou que os líderes e gestores guiam e influenciam os membros das suas equipas essencialmente através de comunicação – conversa e questionamento – mas não com técnicas de coaching profissional, ou seja, estas experiências poderiam ser interpretadas como uma forma de gestão participada com foco em construir relações, influenciando os indivíduos a desenvolverem-se e a melhorarem profissionalmente aumentando assim a satisfação no trabalho.

Coaching profissional não pode ser substituído, mas a utilização de técnicas de coaching na liderança é melhor que nada…

Anexo 1 - Caixa 1 – Distinção de quatro tipos de atividade identificados na literatura


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