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Coaching e mentoring são a mesma coisa?

Distinguir coaching de qualquer outra atividade que envolva desenvolvimento pessoal passa, necessariamente, por compreender o que é o coaching.


Nos dias de hoje, coaching é uma das palavras da moda, quer ao nível das organizações, quer a um nível mais pessoal, pelo que tem vindo a notar-se que associadas à palavra coaching estão práticas muito diferentes. Nesta medida, importa fixar-se aquilo que entendemos como sendo coaching para o podermos comparar com outras atividades.

Para o efeito, socorremo-nos da definição de coaching da ICF – International Coach Federation, maior entidade de coaches do mundo, e que pugna por um coaching profissional, rigoroso e ético. Aliás, a própria definição de coaching que agora vamos citar é extraída do Código de Ética da ICF, código este a que todos os seus membros (cerca de trinta e dois mil) estão vinculados.


Assim, segundo a ICF, “coaching é a criação de uma parceria com o cliente, com base num processo estimulante e criativo que o inspire a maximizar o seu potencial pessoal e profissional”.


O coaching começa, desde logo, por ser uma relação de parceria entre o coach e o seu cliente, o coachee, em que nenhum dos parceiros adota uma “posição alta” em relação ao outro. Nesta parceria, os sujeitos que dela fazem parte assumem papéis diferentes embora alinhados com um objetivo claramente definido pelo cliente, que tanto pode ser de nível pessoal como profissional. No processo, o coach é responsável por compreender o quadro de referência do seu cliente e o que ele pretende atingir, criando todas as condições para que o seu cliente possa, em ambiente seguro, descobrir e ativar os seus recursos para encontrar as suas próprias soluções. E para que esta parceria se crie, o coach acredita quer no processo rigoroso e ético de que é responsável quer no seu cliente e que ele tem em si os recursos para atingir os resultados a que se propõe. O mesmo quer dizer que, neste trabalho de parceria, o coachee é responsável pela sua vida, pelo seu desenvolvimento e pelo seu trabalho.


Para que este processo possa decorrer de forma profissional, rigorosa e ética, o coach aplica as competências chave e adota todas as disposições de uma conduta ética.


Alinhado com esta conduta ética, o coach, nomeadamente um coach credenciado pela ICF, assegura-se de que comunica ao seu cliente, de forma verdadeira e exata, os serviços que presta e as competências, conhecimentos e experiência que tem, devendo, mesmo, encorajar o cliente a contratar outro recurso diferente do coaching quando tal se mostra mais adequado.


É precisamente aqui que importa saber distinguir o coaching de outras atividades, nomeadamente das que podem contribuir para o desenvolvimento do potencial dos clientes. A distinção ganha tal importância que, nas boas práticas de um coaching profissional, rigoroso e ético, o coach promove essa distinção quando se apercebe que o cliente não tem claro o que é um processo de coaching. A prática mostra-nos que importa saber distinguir coaching nomeadamente de terapia, consultoria, formação e mentoria.


Na realidade, o coaching, ao contrário da terapia, não vai ao passado para progredir no presente. Antes trabalha a partir de uma realidade atual para, com base num pedido do cliente, facilitar o seu caminho face ao objetivo que traçou no futuro.


Coaching também não pode confundir-se com consultoria uma vez que, ao contrário do consultor, o coach não se assume como um especialista num certo tema e não surge com a solução ideal para um problema específico. O coach aceita que o especialista da vida do cliente é o próprio cliente, oferendo um processo com o qual o cliente vai encontrar as soluções que melhor satisfazem as suas necessidades específicas.


Da mesma forma, coaching e mentoring não são a mesma atividade, embora ambas envolvam desenvolvimento pessoal e profissional com foco no indivíduo e nas equipas, e ambas confiem nos recursos do cliente.


Em documento conjunto, datado de 2011, elaborado pela ICF, pela EMCC – European Mentoring and Coaching Council, e outras entidades, denominado The Professional Charter for Coaching and Mentoring, um coach/mentor profissional pode ser descrito como “um especialista em estabelecer um relacionamento com as pessoas, através de uma série de conversas, com o objetivo de servir os clientes para melhorar o seu desempenho profissional, melhorar o seu desenvolvimento pessoal ou ambos, escolhendo os seus próprios objetivos e formas de fazê-lo”.


A diferenciação entre coaching e mentoring é assumida no mesmo documento. Se por um lado, coaching é definido, tal como já referimos, como “a criação de uma parceria com o cliente, com base num processo estimulante e criativo que o inspire a maximizar o seu potencial pessoal e profissional”, por outro, mentoring pode ser descrito como um processo de desenvolvimento que pode envolver uma transferência de skills ou conhecimento do mentor, mais experiente, para o mentorado, menos experiente, através da aprendizagem, diálogo e modelagem de papéis”.


Apesar das semelhanças encontradas entre coaching e mentoring – ambos trabalham o potencial humano quer a nível pessoal quer profissional, e ambos trabalham na direção de objetivos definidos pelo coachee/mentee –, a posição de um profissional e de outro em relação ao processo e, em especial, em relação ao seu cliente é diferente. No coaching, de acordo com a definição que temos vindo a adotar – que consideramos ser a que melhor garante um coaching profissional, rigoroso e ético –, o coach nunca “se eleva” em relação ao seu cliente, recusando estar em “posição alta” por acreditar no potencial do cliente em encontrar as melhores soluções para a sua vida, seja pessoal, seja profissional. Já no mentoring, o mentor, por se assumir como alguém mais experiente em certa área, pode transmitir conteúdos, materiais ou formais, ao seu cliente, colocando-se, portanto, em “posição alta” em relação ao mentorado.


Estando ambas as atividades direcionadas para o desenvolvimento do potencial dos clientes, urge destacar a importância de os profissionais de coaching e de mentoring adotarem regras de conduta claras e que defendam os seus clientes, de terem formação acreditada por entidades independentes e de valorizarem e praticarem o seu desenvolvimento contínuo.


Por: João Laborinho Lúcio, vice-presidente da direção da ICF Portugal



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